MIRZA Lauchand

MIRZA tem em si o porte de uma musicalidade que nunca se esgota na simplicidade (por vezes banalidade) da lírica, mas que se enche por intermédio de melodias muito cosmopolitas, intensas, dolorosamente verdadeiras.

A reminiscência a Marvin Gaye, a contemporaneidade de Tank ou a irreverência de James Brown estão presentes em Far Away (e também em outros temas que em breve serão revelados). Não se pense contudo que MIRZA Lauchand aparece do nada como se se tratasse de uma estrela cadente.

Dos seus pés que já pisaram diversos continentes, chega-nos um autor nato, com um balanço que traz de Moçambique, do seu país que deixou ainda pequeno em 1998. Portugal tornou-se o seu porto seguro.

Far Away" parece um oceano grande em que as ondas da maré baixa nos agitam ao sabor daquela relação corrompida. A voz de Mirza é uma casa cheia de salas pequenas onde todos nós já estivemos um dia. A honestidade da sua verdade - tão crua e tão nua como aquilo que nos conta - é um buraco aberto no estômago, no mesmo lugar onde deviam ainda estar aquelas borboletas, de outro tempo.